Socialização de crianças autistas e a robótica
Já falamos aqui que em muitos casos de Transtorno do Espectro Autista – TEA, os sintomas podem surgir antes mesmo dos 3 anos por meio da dificuldade da criança de interagir socialmente e se comunicar, bem como apresentar comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Para um melhor desenvolvimento das pessoas que estão dentro do TEA, a ciência enfatiza a importância do diagnóstico e da intervenção precoce. A Análise do Comportamento Aplicada tem demonstrado excelentes resultados para crianças com algum desenvolvimento atípico. Aliada à ela, algumas terapias têm sido realizadas para garantir a integração eficaz da pessoa autista em ambientes que podem ser desafiadores, como o familiar e a escola, a exemplo da musicoterapia e do contato com pets.
Além dessas alternativas e, principalmente, como consequência do avanço tecnológico, percebeu-se que a robótica é mais uma facilitadora na socialização de crianças dentro do TEA, as quais tendem a apresentar maior interação com robôs – estimuladores da comunicação e diversão.
Na prática, como os robôs ajudam na socialização das crianças autistas?
Caracterizado enquanto machine learning – um sistema que modifica o seu comportamento autonomamente a partir de treinamento prévio para melhorar o desempenho de uma tarefa ou tomar a decisão mais apropriada ao contexto, o robô trabalha 3 aspectos na criança: sensorial, percepção e interação.
Nos 3 níveis a máquina (supervisionada pelo profissional) faz atividades que exploram tato, visão, olfato e paladar. Oferece brinquedos, visualiza recursos midiáticos e repete os movimentos robotizados, convida a provar e cheirar alimentos, por exemplo. Nesse processo de aprendizagem, 15 itens comportamentais são observados:
Relação com as pessoas | Imitação | Reação Emocional
Uso do Corpo | Uso dos Objetos | Adaptabilidade
Reação Visual | Reação Auditiva | Discriminação Tátil ou Gustativa | Reações Nervosas | Comunicação Vocal
Comunicação Não Vocal | Nível de Atividade
Nível de Resposta | Aceitação Tátil e Gustativa
Curiosidade pertinente
Em 1960, o cientista Seymour Papert do Instituto de Tecnologia de Massachusetts com o intuito de fortalecer as atividades intelectuais nas crianças, introduziu a robótica no ambiente escolar que, bem sabemos, é desafiador para algumas crianças autistas. A princípio, essa tecnologia foi implementada para auxiliar pessoas com deficiência (PCD ‘s) e, por promover recreatividade e conforto, sua aplicação foi estendida aos transtornos do neurodesenvolvimento.
Em 2014 no Recife o secretário executivo de Tecnologia da Educação – Francisco Luiz dos Santos, por intermédio do Programa Robótica na Escola, promoveu a inclusão dessas ferramentas no ambiente escolar. Os robôs contam com atividades e planejamentos programados para cada aluno, com o intuito de propiciar coletivismo, autoria, criatividade, autonomia e, no caso de crianças e adolescentes autistas, atuam nas questões referentes à socialização.
Apesar dessa intervenção ainda não ter se popularizado, o implemento aliado à práticas integrativas cientificamente comprovadas – a Terapia ABA o implemento trouxe excelentes resultados, ao passo que permitiu o ensino de novas habilidades. Os robôs passaram a entender as necessidades de cada criança e, por intermédio de práticas recreativas, auxiliaram no desenvolvimento da linguagem e socialização.